Páginas

domingo, 6 de outubro de 2013

40 metros do chão



Já havia um bom tempo que não chovia, aquela era a primeira vez desde meados de maio, não sei de que maneira, mas o cheiro de terra molhada invadia a sala. Vinha um sopro de vento que fazia com que meus cabelos castanhos o acompanhassem em delicadas ondas. Aquele cheiro me trazia certa nostalgia, a vida no campo, a calmaria. 
A cidade pode ser um sonho, mas está em uma linha tênue com uma utopia, as vezes não é real. Apreciamos tudo aquilo em filmes de Hollywood mas não imaginamos o caos que na realidade é. 
E as lembranças daquela vida campineira logo me levavam de volta a um amor desimpedido, tão sincero. 
E era tão bom, o vento estapeava meu rosto, o som da chuva era calmante, tranquilizador. Eu sentia falta deste contato com a natureza, deste sinal de vida divino. A chuva é uma das manifestações mais expressivas da natureza, hora é severa e má, leva tudo que vê por meio ao seu caminho, hora é delicada e sutil, traz esperança e tranqüilidade, limpa a alma. 
Voltada para aquela janela de Madeira antiga e mal envernizada, desperto de um devaneio e me vejo novamente em uma janela de alumínio a 40 metros do chão, no 15 andar do meu edifício de estrutura antiga, que há 3 anos já era meu atual lar. Mas isso é um paradigma, dizem que o lar é onde mora o nosso coração, onde estaria o meu? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário